terça-feira, abril 02, 2002




"A águia empurrou gentilmente
seus filhotes para a beirada do ninho.
Seu coração se acelerou com emoções conflitantes,
ao mesmo tempo em que sentiu a resistência dos filhotes
a seus insistentes cutucões.

Por que a emoção de voar tem
que começar com o medo de cair? pensou ela.
O ninho estava colocado bem
no alto de um pico rochoso.
Abaixo, somente o abismo e o ar
para sustentar as asas dos filhotes


E se justamente agora isto não funcionar?
Ela pensou.


Apesar do medo, a águia sabia
que aquele era o momento.
Sua missão estava prestes a se completar,
restava ainda uma tarefa final: o empurrão.


A águia encheu-se de coragem.
Enquanto os filhotes não descobrirem
suas asas não haverá propósito para a sua vida.
Enquanto eles não aprenderem a voar
não compreenderão o privilégio que é nascer águia.
O empurrão era o menor presente
que ela podia oferecer-lhes.
Era seu supremo ato de amor.
Então, um a um, ela os precipitou para o abismo.




E eles voaram.

Às vezes, nas nossas vidas,
as circunstâncias fazem o papel de águia.
São elas que nos empurram para o abismo.
E quem sabe não são elas, as próprias circunstâncias,
que nos fazem descobrir que temos asas para voar."




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