sexta-feira, maio 24, 2002

Como anda a sua solidão?


É necessário admitir a solidão que habita nossos corações.
Todo ser humano traz em si uma carga de solidão.
E negar a solidão é negar a própria existência.
Mesmo o ser mais sociável, cheio de amigos e rodeado de pessoas que falam, gesticulam, também se sentem só.
A solidão não é um mal, mas um estado de espírito que revela a hora da introspecção, do voltar-se a si mesmo, do refletir para continuar a caminhada.
A solidão se torna preocupante quando, ao sentí-la, o ser humano se revela e nela se esconde na busca da vida, e acaba por fim encontrando sua morte espiritual.
Todos os dias encontramos pessoas que passam toda sua vida em busca de alguém com quem dividir seus dias, suas alegrias, suas tristezas, suas vitórias e suas derrotas,
pessoas que morrem de medo só em viasualizar a solidão.
Todos os dias encontramos pessoas que estão acompanhadas, bem casadas, bem amadas, bem tudo... mas ainda assim, sozinhas.
No recanto mais íntimo de seus corações está a solidão, aquele pontinho no canto esquerdo, que lateja, que incomoda, que está sempre ali a qualquer hora do dia ou da noite.
Há pessoas tão solitárias que nem percebem que suas atitudes externam e falam ao mundo de sua solidão.
Em geral, estas pessoas tem medo, verdadeiro pavor de serem vistas sozinhas e procuram um jeito de esconder-se. Há as que na fila do banco, no café da esquina, no banco da praça, na sorveteria, em qualquer lugar pegam seu celular – o salva-vidas do solitário – e ligam para qualquer pessoa, para falar qualquer coisa, não importa, o que querem é não passar a impressão de estarem sozinhas.
Por que será que temos tanto medo da solidão?
Por que será que damos mais importância ao que os outros pensam do que ao que verdadeiramente sentimos?
Há um segredo que todos sabem, mas ninguém revela – e não revelam a si mesmos – dentro de cada um de nós há todos os sentimentos, desde a solidão até a felicidade.
E aquele outro pontinho, bem maior e mais brilhante, que também habita nossos corações e lateja insistentemente, chama-se felicidade.
E do lado deste pontinho vivem outros, como a alegria, a paz e a compaixão.
Sim, a solidão está lá, mas ela não está sozinha.
Nem ela e nem você.

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