sexta-feira, novembro 02, 2001

"Ontem o encontrei e neste encontro, logo de cara, e cara a cara, vislumbrei que não era mais o homem a quem amei, nem é tão belo quanto me pareceu a cada minuto do passado. Tem mais em seu olhar a expressão de sacana, que de homem decente, de pessoa humana. Vejo em seus olhos a lacividade que outrora senti em seu corpo. Hoje, é impossível separar seu corpo lacivo de sua alma laciva.
Lamento por todos os dias dedicados, por todas as horas pensando e por atos praticados em favor deste homem.
Sei que não foram em vão, ou não me teriam sido necessários viver. Deus, o que escolhe e planta, me deu este jardim que hoje não mais floresce, e se floresceu um dia não foi com belas flores e rosas.
Vejo isto tão claro, como claro também vejo que sou incapaz de pronunciar um não, ainda que venha do mais profundo de m`alma. Deus, volto-me a Ti e pergunto: Onde, em que espaço se perdeu minha auto-confiança?
Como posso dizer sim, quando meu coração, meu corpo e minha alma gritam NÃO!
Amigos, ouvidos de quem jamais verei o rosto, de quem jamais apertarei a mão em agradecimento por meu ouvir agora, por sentir nestas palavras escritas, a dor que me invade o peito, por me violentar a alma.
Eu disse sim. Entreguei-me a quem não me mereceu ontem, nem hoje e não merecerá ainda que muitos anos se passem, ainda que muito sofrimento lhe altere a alma em essência.
E agora, passo novas horas a remoer e imaginar situações que me fazem sofrer. Penso e converso mentalmente como se fosse possível alterar os fatos nestas conversas, como se o amanhã pudesse ser diferente.
Diferente como um dia eu quis, mas agora tenho certeza - ainda que alterado não quero e não aprecio mais.
É o não que não pronuncio em voz alta, é o não que não reconheço.
É o Não que preciso colocar para fora, tornar real para fazer da minha vida uma história verdadeira, pois hoje vivo de sonhos, sonhos que mais são pesadelos..."


Auri, gostaria de seus palavras.

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