segunda-feira, março 11, 2002

Voltei!
Estava passeiando pelos Blogs amigos, quando encontrei no Tempus Vernum A POESIA (que transcrevo a seguir).
Na sexta-feira passado, dia 8 de março - Dia Internacional da Mulher, participei de um bate-papo informal sobre a atual situação da mulher, no geral. E ouvi, pela primeira vez, esta poesia. Diz tudo.

Aviso da lua que menstrua

Moço, cuidado com ela!
Há de se ter cautela com essa gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
Cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
Às vezes parece erva, parece hera
Cuidado moço com essa gente que gera
Essa gente que se metamorfoseia
Metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
E ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
Mas que é outro lugar, aí é que está:
Cada palavra dita, antes de dizer, homem reflita...
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
Que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
Transforma fato em elemento
A tudo refoga, ferve, frita
Ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado, moço, quando cê pensa que escapou
É que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
É que tô falando "na vera"
Conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da festa dela
Delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
Ou sem os devidos cortejos...
Às vezes pela ponte de um beijo
Já se alcança a "cidade secreta"
A Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado moço, por você ter uma cobra entre as pernas
Cai na contradição de ser displicente
Diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.
Não despreze a meditação doméstica.
É da poeira do cotidiano
Que ela extrai filosofia
Cozinhando, costurando
E você chega com a mão no bolso
Julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe aonde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
Tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
Então esquece de saber morder devagar
Esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
Chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que é que você tem eu vou dizer e não se queixe:
Vaca é a sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
Ora, não ofende. Enaltece, elogia:
Comparando rainha com rainha
Óvulo, ovo e leite
Pensando que está agredindo
Que tá falando palavrão imundo.
Tá não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!
(Elisa Lucinda)



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