sábado, fevereiro 02, 2002

Sábado. 6:56 am. Estou a caminho da Clínica Oftalmológica. Um retorno.
Peguei na estante o livro "A águia e a Galinha" de Leonardo Boff, para ler enquanto permanecesse na sala de espera do consultório. Desta vez, surpreendentemente, não esperei por mais de 5 minutos, portanto este foi o tempo de leitura, ou melhor, de continuação da leitura, pois já iniciara este livro em outra oportunidade.
Continuei de onde havia parado na ocasião. Surpreendi-me ao perceber que parei na melhor parte, no item "Como se enamoram e se acasalam as águias". Interessante!
Me pergunto agora o porquê de ter interrompido a leitura.
Acasalamento de espécies (todas) me interessam por demais. Não só o acasalamento em si mas também o prazer que se pode ter. Fiquei impressionada. Se é verdade o que Leonardo Boff escreveu, quero, sem dúvida, em minha próxima existência vir ao mundo em forma de águia. Fêmea, é claro.
Por ter me encantado com o relato da vida sexual desta espécie, transcrevo, ipsis litteris Leonardo Boff:

"O casal de águias entretém uma relação de fidelidade por toda a vida. Juntos caçam, juntos montam o ninho, juntos incubam os ovos e juntos buscam alimento para os filhotes. Como entre os humanos, o casal de águias não copulam apenas para multiplicar a espécie ou em certos períodos do ano por ocasião do cio. Surpreendentemente, copula com frequência. Na fase de enamoramento, até oito vezes ao dia. Depois de acasalados, se amam em qualquer época do ano, como expressão de companheirismo amoroso.
O enamoramento tem símbolos de grande força. O macho, voando mais alto, se precipita como uma flecha por sobre a fêmea que voa muitos metros abaixo. Ao aproximarem-se, a águia-fêmea se volta sobre o dorso. Fica de peito para cima, expandindo as asas e estendendo as garras na direção da águia-macho. E dá-se então o festival do encontro. A águia-macho, vindo como uma flecha, de súbito paira no ar. Abre as asas e entrelaça suas garras com as garras da águia-fêmea. Assim ficam, ora voando à maneira de bicicleta, ora para frente, ora para os lados, ora deixando-se cair, embevecidos pela paixão, até quase tocarem o chão. Só então se separam e voam em forma de guirlanda, ascendendo para um novo abraço de garras e de volutas no espaço.
Depois se acasalam. Antes, porém, dá-se uma disputa feroz entre dois machos rivais. São lutas renhidas e sangrentas. Podem durar horas. Garras, bicos, asas: eis as armas usadas um contra o outro. Às vezes se entrelaçam no ar, a cem metros de altura. Esvoaçam penas por todos os lados. Despencam enrolados um no outro até perto do chão. E aí se largam. Ganham novamente altura e, revezando ataques mútuos, retomam a disputa. Às vezes rolam no chão, numa nuvem de pó e de penas, num estardalhaço sanguinário. Até que um macho, precipitando-se com fúria e violência sobre o outro, consegue atingi-lo profundamente. A luta termina quando um se dá por vencido e ganha os longes do céu, fugindo.
Conquistada a noiva, a águia-macho ganha como troféu o seu território demarcado. E lá vive o casal voando e caçando por muitos e muitos anos, felizes até que a morte os separe. Uma águia vive cerca de trinta anos."



Lindo, não?
Confesso, tomada pelo romantismo que habita meu coração há muito, que adoraria viver uma paixão assim.
Confesse você (essencialmente Mulher), sem restrição à sua sensibilidade, que espera encontrar em breve a sua águia-macho em forma de Homem. Confesse ainda que seja só para você.

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